"The Queen"(2006), de Stephen Frears, não é só a prodigiosa incarnação de Helen Mirren, no papel de Isabel II, mas também uma meditação sobre a morte da realeza.
As cenas com o veado, em Balmore, são cruciais. Com o jipe avariado no vau do rio, a rainha encontra no grande veado solitário a imagem de tudo aquilo em que acredita, uma ilha dentro da ilha, cercada pelo mundo moderno.
O animal, abatido por um banqueiro, é a seguir objecto duma visita secreta. Na cabeça cortada, com a sua magnífica armação por coroa, Isabel vê o símbolo do seu próprio destino.
Que durante a crise provocada pelos tablóides, por ocasião da morte de Diana, a "princesa do povo", tenha sido obrigada a abdicar duma ética (de sobriedade e dignidade) e daquilo que julgava um direito incontestável, que tenha cedido e "dançado" ao ritmo das parangonas e, no fim da homenagem ao majestático animal tenha que ter sido "política" pedindo ao guarda que transmitisse ao atirador a real congratulação, é o que retrata duma forma magistral aquela "meia hora"(Blair) em que o povo britânico duvidou da sua monarquia.
O povo da sociedade mediatizada é sujeito a tempestades de soundbites e de videobites, como Rousseau, com a teoria das vontades contrárias que se anulam, nunca poderia ter previsto.
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