quarta-feira, 20 de julho de 2016

SABER O QUE SE DIZ



Um gole de triple seco transformou-se, na destilaria do meu corpo, num momento de irrealidade e insónia. Sinais respondem-me, como tantãs, “across the belly”. Por fim, a inteligência que corta um pesadelo vagamente trucidante, e flutuo no espaço. Eu, universo. Inacessível quase sempre, por causa do corpo. Várias pessoas falam em mim, a ponto de ter que impor um sujeito. Limpidez do céu e do pensamento. A atenção, tão rara e o problema da existência.

O conselho de Berger ( em Cabaud ): 'saber o que se diz é que é importante, não, saber o que são as coisas.'

A linguagem, sobretudo a vernácula, popular, o tronco da árvore (não os desprendimentos artificiais; ex: na ciência), tem de ser a expressão duma experiência real. A verdade é possível através dela. Hoje, a profusão das palavras, a velocidade da sua circulação são o véu de Maya.

É preciso, pois, “regressar” ao tempo longo. Procurar a inspiração nas origens. Por este andar, a década de 40 será, dentro em pouco, a nossa Antiguidade.

Para apaziguar as facções em luta nos meus intestinos, envio uma equipa no submarino de Fleischer.

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