domingo, 31 de julho de 2016

EROS E TÂNATO




"Podemos dizer do erotismo que é a aprovação da vida até na morte. Propriamente falando, esta não é uma definição, mas creio que esta fórmula dá melhor do que nenhuma outra o sentido do erotismo."

"L'érotisme" (Georges Bataille)

Um filme de 1976, considerado por muitos como pornográfico, "O império dos sentidos", de Nagisa Oshima, parece ilustrar esta concepção. Os amantes deixam-se guiar por um instinto do prazer que os leva à exaustão e à morte. Não podemos, claro, deixar de ver aqui, o aspecto doutrinário do sexo. Michaux dizia que, na nossa época, o 'phalus' se tinha tornado 'doutrinário'. Isto é, tornou-se cultura, em vez de obedecer a qualquer instinto genesíaco.

Freud, nos últimos tempos, debateu-se com a sua famosa 'pulsão de morte', sem ter desenvolvido o conceito. Poderá explicar-se o suicídio com uma tal pulsão? E não sacrificará, no fundo, aquele par do filme japonês ao mesmo 'instinto'?

A 'aprovação da vida' acaba, assim, por ser reduzida à mais feliz das eutanásias. Uma despedida da vida num outro castelo de Silling, como o de Sade.

Mas há aqui, além disso, uma contiguidade com o budismo que transfigura de todo a pornografia.

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