terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

CLARAVAL

Abadia de Clairvaux


"E foi também, aquilo que ele dizia de si próprio: a 'chimera saeculi', um estranho ser ansioso de contemplação e constantemente arrastado para a acção."
(José Mattoso sobre Bernardo de Claraval) 

A ânsia de S. Bernardo pela contemplação podia ser comparada com o oposto dela que é o tédio e o terror do claustro interior a que, por um instante, não têm acesso os ruídos do mundo.

Anna Gerschenfeld, nas páginas do 'Público' de ontem, fala-nos de experiências levadas a cabo por neurocientistas americanos. "Estes surpreendentes resultados foram revelados, em 2014, num estudo publicado na revista Science pelo psicólogo Timothy Wilson, da Universidade da Virgínia (EUA), e colegas. Mais precisamente: 12 dos 18 homens (67%) e seis das 24 mulheres (25%) testados preferiram receber choques eléctricos a não ter nada para fazer (a não ser pensar) durante a sua curta permanência em isolamento forçado."

É claro que a frustração do reformador da ordem cisterciense é muito relativa. Por um lado, a entrega total à contemplação seria fatal às suas intenções reformadoras, por outro, a acção para que se sente continuamente arrastado impede-o de conhecer o verdadeiro tédio.

S. Bernardo, apesar dessa divisão um tanto retórica, deve ter sido um homem feliz, e 'sem estados de alma', como se diz.

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