segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

A ENTREVISTA




"Mao: - E quando eu for para o Céu ter com Deus, dir-lhe-ei que actualmente é melhor ter Taiwan ao cuidado dos Estados Unidos.

Kissinger: - Ele ficará muito admirado de ouvir isso do Presidente.

Mao: - Não, porque Deus abençoa-vos a vocês e não a nós. Deus não gosta de nós [abana as mãos] porque eu sou um senhor da guerra militante e também comunista. É por isso que ele não gosta de mim. [Apontando para os três norte-americanos: Kissinger, George Bush e W.Lord ] Ele gosta de si, de si e de si."
(Entrevista de Mao Tsé Tung)

O que aconteceu para o Grande Timoneiro e o Tigre de Papel chegarem a esta linguagem quase bufa? Sente-se que o velho guerreiro valoriza a embaixada como uma homenagem pessoal, na hora em que a velhice não lhe permite mais a 'pavorosa ilusão da eternidade', como dizia o nosso Bocage, e depois de ter 'pintado a manta' com a sua engenharia ideológica, a visita dos americanos é como um balão de oxigénio. Nixon terá tido, ao menos, o mérito de aproveitar a oportunidade que a próxima 'ida para o Céu' do Grande Líder oferecia ao mundo.

A retórica está em todo o lado, mas neste intermezzo de alto nível, muda notavelmente de registo. Ao ponto deste diálogo ser quase cómico e de nele se falar num Deus de anedotário.


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