sábado, 30 de janeiro de 2016

LEVIATÃ

Frontispice du Léviathan de Thomas Hobbes


Na política, onde se encontram tantas paixões, qualquer coisa tem de ser sempre de mais, ou sempre de menos. O ponto de vista é rei e, dum certo ponto de vista, todos têm razão. Quando há um acordo sobre o princípio é para melhor se dissentir na aplicação.

Reclama-se tempo para estudar ou para negociar e ao mesmo tempo quer-se a energia e a coragem de cortar a direito.

Embora todos saibam que decidir não é conciliar, nem contemporizar, mas preterir, pôr de lado, sacrificar, ter uma agenda e ter prioridades, a escolha a todos escandaliza. Não sendo as mais importantes, as questões de forma ocupam toda a cena política.

É desta algazarra, porém, que sai o poema coral e, se não se vê uma racionalidade, é porque um equilíbrio de tensões não é um pensamento, mas é como que um ser natural que se move sempre para a frente e sempre em risco de cair.

"Não se desmonta uma máquina enquanto ela trabalha; assim, para que a unidade do indivíduo se mantenha e se confirme, é preciso que uma cooperação constante associe as suas forças, e que o equilíbrio sem cessar ameaçado seja sem cessar reparado, como numa marcha que é com efeito apenas uma queda sempre impedida."
"L'action" (Maurice Blondel)

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