segunda-feira, 6 de julho de 2015

O DESEJO DE SABER AINDA EXISTE?

 

"Atenção aos jovens, conhecendo a sua fome e o que podem digerir, é a essência da arte (de ensinar)."

(Allan Bloom)

Plutarco, e as suas 'Vidas Paralelas' de gregos e romanos ilustres, foi o modelo de certas elites europeias que encontraram nos feitos dos grandes homens da antiguidade inspiração para as suas vidas. Estavam os mestres, então, numa posição inexpugnável que reflectia a mais determinante ainda 'autoridade' dos pais.

Procurar-se-ia, então, nos alunos, o seu desejo ardente e as limitações desse desejo? Parece que esse conhecimento, segundo Bloom, é essencial. Na verdade, só um feliz acaso permitiria 'penetrar' esse pressuposto desejo num ser em formação e aberto a todas as influências. Daí que o 'instinto' de imitação seja quase sempre o único a 'decidir'.

A ideia de Bloom é filha de um 'pré-politicamente correcto' que pressupõe o transplante de uma noção política, a igualdade democrática, para uma realidade completamente diferente, em que se parte de uma desigualdade no conhecimento e da função de trazer uma solução para esse problema que incumbe ao professor.

Mas claro que, entretanto, a internet mudou as regras do jogo, ao criar uma nova espécie de aluno: o daquele que não reconhece que não sabe, só porque toda a informação cabe na mão que segura o telemóvel.

 

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