domingo, 23 de dezembro de 2012

O ESTADO-MAIOR




"A guerra, desde que feita ao alcance da espingarda, acalma as paixões, até ao ponto em que eu me creio capaz, a partir dos discursos, de adivinhar se um homem fez a guerra ou não."

(Alain)


Consegue-se também distinguir, pelo modo como os especialistas do que não se sabe, nem se pode prever (o especialista-mor já se sentiu obrigado a usar de mais prudência, continuando a servir a única mezinha que lhe é permitida), gostam de perorar, indiscriminadamente, sobre os que 'vivem acima das suas possibilidades', se eles próprios já estiveram nas 'trincheiras'.

Mas correríamos o risco de cair na demagogia fácil, se quiséssemos que a 'carne para canhão' tivesse propostas convertíveis num modelo matemático reconhecível pelo 'estado-maior'. É preciso que uma linguagem esotérica se interponha para calar o sentimento da justiça. Daí as castas que fizeram dessa linguagem e das suas possíveis interpretações o seu seguro estatutário.

Todos somos capazes de compreender que a sociedade moderna se vem tornando cada vez mais complexa. Mas dantes, os 'especialistas', eles próprios, julgavam que sabiam com o que lidavam. Agora, depois do descrédito completo que os ameaçava, são mais modestos e invocam o deus da Incerteza. Tornaram-se, assim, os sacerdotes dum novo culto. Confirmados no seu privilégio de casta, lançam do púlpito os seus inspirados anátemas.

Reconheço, no entanto, que ainda não chegamos aí. Os instalados ainda julgam que sabem.




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