sábado, 8 de dezembro de 2012

CARIDADE À PERCENTAGEM

Alexis de Tocqueville (1805-1859)





“Nos séculos democráticos, os homens raramente se sacrificam uns pelos outros, mas mostram uma compaixão geral por todos os membros da espécie humana.”


Alexis de Tocqueville (“Da Democracia na América”)



Aquela observação de Tocqueville sobre a América do século XIX é uma evidencia nas sociedades de hoje, em que as instituições e as organizações se substituem à responsabilidade pessoal.

No fundo, isso exprime a confiança em que os problemas da justiça ou terão uma solução colectiva, através do Estado, preferencialmente, ou tudo o mais são paliativos que, no melhor dos casos, servem para aliviar a consciência dos que foram educados sob o signo duma culpa original.

Perante a falência deste tipo de endosso e de descomprometimento, muitos quiseram ver na Revolução a única saída para uma justiça instantânea (o que não é incompatível com o realismo, visto que o que se organiza, sem falhas, com vista à justiça já pode considerar-se justo), em que se pudesse salvar o distanciamento pessoal.

Era o mesmo espírito da “Democracia na América”, mas desiludido já de algumas virtudes da democracia. Em todos os casos se vê a marca do individualismo. Mesmo a dedicação a uma causa, que pode ir ao sacrifício da vida, é um caso de “compaixão abstracta” .

A caridade-rock (Lipovetsky) e o juro amigo dos pobres de certas contas bancárias são exemplos extremos de como se pode matar dois coelhos com uma só cajadada: divertir-se e ajudar, ajudar tanto mais quanto mais render a conta no banco.

Este surpreendente casamento de contrários só é possível porque nos tornámos todos maravilhosamente pragmáticos...

1 comentários:

Anónimo disse...

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