quarta-feira, 19 de setembro de 2012

PIERRE ENTRE OS MAÇÕES





"A cumplicidade iniciática refere-se a um saber, mas também a um delito."

(Roberto Calasso)


Um saber que é preciso proteger da devassa, nem é preciso dizer. Todas as sociedades místico-religiosas se desenvolvem em volta desse núcleo, desse vazio (como dizia Barthes no "Império dos Signos", a propósito do palácio do imperador, em Tóquio).

A outra peça do díptico é que, e dando razão a Freud, nada mantém o centro do poder tão unido como a consciência da culpa (um outro tipo de 'saber' naturalmente protegido). Só o crime colectivo e o sacrifício do 'cordeiro' selam a gravidade do começo, ao mesmo tempo que estabelecem a igualdade 'não-natural' dos iniciados.

Pierre Bezuhov, em "Guerra e Paz", ao tentar a via maçónica, não pôde deixar de se aperceber da vacuidade dos símbolos que, por assim dizer, nasceram de necessidades intelectuais e sociais unicamente 'racionais'.

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