sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

UM CAVALO


"Guernica" de Pablo Picasso (pormenor)

Ao passar na rua Formosa, pelas traseiras do Coliseu, onde há uns anos via entrar os animais do circo, vejo um cavalo entre grades, sem espaço para se mover ou mudar de posição. Esquecido como uma máquina que se desliga, indo o dono à sua vida, sem pensar mais no caso.

Vem-me à ideia a cena com o cavalo chicoteado, em Turim, de que, dizem, foi protagonista Nietzsche, antes de perder a razão, abraçado ao pescoço do animal, numa manifestação de piedade para além do humano.

Em Auschwitz, havia uma tortura assim, mas pensada para o sub-humano: quatro presos de pé num buraco, uns colados aos outros, sem se poderem sentar.

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