quinta-feira, 29 de junho de 2017

MUDAR O HOMEM OU O MUNDO?

Village Politics (Engraving by Jazet, 1820)

"Independentemente do modo como as pessoas respondem à questão de saber se é o homem ou o mundo que está em perigo na presente crise, uma coisa é certa: qualquer resposta que coloque o homem no centro das nossas preocupações actuais e sugira que é o homem que é preciso mudar para conseguirmos melhorar a situação é uma resposta profundamente impolítica."

"A Promessa da Política" (Hannah Arendt)

Verdade que era evidente para o marxismo, o qual, nas palavras de Lévinas, não é só conquista, mas reconhecimento do outro, qualquer que tenha sido o desvirtuamento da sua encarnação histórica. E, nisso, ia contra o princípio da salvação individual proposto pelo cristianismo.

Mas se considerarmos o que é próprio do conceito de política, em Arendt, temos também que reconhecer que o ideal da transformação do mundo deixa de ser político, a partir da altura em que a sociedade de iguais se confunde com um partido.

Porque tal ideal poderia igualmente ser assumido por um déspota esclarecido (o que no fundo é a "ditadura do proletariado"), situação, por excelência, anti-política.

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