terça-feira, 15 de dezembro de 2015

A MAGIA DE UM FÓSFORO


Flesh and the Devil



Num filme mudo como "Flesh and the Devil" (1926-Clarence Brown), é a própria rudeza dos meios que força à imaginação, com momentos tão irreais como os rostos da Garbo e de Gilbert "iluminados" pelo fósforo que acende o cigarro, ou as cenas do regresso do exílio, em que a obsessão amorosa é sugerida pela imagem flutuante sobre as dunas do deserto e as ondas do oceano.

E embora estes processos sejam característicos de muitos outros filmes da época ( as lentes não eram tão luminosas, nem existia ainda a voz-off) e tenham conhecido até, possivelmente, a exaustão, o que experimentamos agora em pleno domínio técnico é a irredutível poesia do tempo.

Como as antigas peças de cerâmica, tantas vezes copiadas, e que trazidas à luz do dia adquirem o valor da raridade e a beleza dos símbolos.

0 comentários: