sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

POLITBURO

 

Salazar, com ironia, apelidava a Comissão Executiva da União Nacional, confiada a Mário de Figueiredo, de 'politburo' (Filipe Ribeiro de Meneses).


Ou seja, um organismo caracterizado por uma existência 'pro forma' era identificado com a burocracia inimiga. Como não podia estender essa ineficácia ao regime soviético que era alvo da propaganda anti-comunista, temos de supor que ele não via a força desse regime nas instituições burocráticas, mas no poder ditatorial de Staline. Esta visão decorria, naturalmente, da experiência própria.

Era, no entanto, um ditador 'sui generis'. Pela sua idiosincrasia era levado a desprezar algumas armas ideológicas que o líder da URSS utilizava sem rebuço, tal como o chamado 'culto da personalidade'. Ou então, conhecedor que era da 'alma' e da índole popular, agia com a 'pobreza monástica' e o silêncio ensurdecedor de uma política que julgava necessária perante o desporto nacional do 'escárnio e mal-dizer'.

Podia-se, de qualquer modo, dirigir-lhe as palavras que Sócrates dirigiu ao cínico que lhe mostrava a roupa esfarrapada: a tua vaidade brilha através dos buracos do teu manto!

 

 

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