sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

TRANSPARÊNCIA

Franz Liszt


"O pobre Liszt aprende à sua custa que a transparência é a pior das prisões."



"Franz Liszt" (Frédéric Martinez)


É, no entanto, o que se pede aos nossos representantes e a um governo democrático.

Evidentemente que, por muitas 'aberturas' que faça, o poder gosta de paredes espessas. Houve, no entanto, a moda do transparente em política e, por exemplo, em França, o mais secreto dos partidos também quis apresentar-se, há uns anos, como numa vitrina. Mas a prova mais conclusiva de que a transparência pertence ao 'politicamente correcto' e não pode ter aplicação consequente em regime algum, a não ser como princípio destrutivo do poder, é a 'Glasnost' de Gorbachev. Ninguém parecia saber até que ponto a 'dupla linguagem' orwelliana precisava de paredes grossas e compartimentos estanques.

Mas quando temos de falar nas democracias, verificamos que não é só nos períodos de crise ou de guerra, quando se suspendem a liberdade e alguns direitos, que a transparência é um logro para enganar o eleitorado. Assim como não se pode esperar que o povo governe, nem tenha o poder directamente (devia mesmo dizer-se controlo, em vez de poder directo ou indirecto), não é sequer razoável esperar que todos possam 'ver' a engrenagem do Estado, como quando se abre o 'capot' do carro para ver o motor, e que tenha os mesmos dados que fundamentam as decisões dos vários órgãos do poder. Para o bem e para o mal, o povo tem que confiar e julgar pelos resultados.

As vedetas modernas, pelo seu lado, sabem o preço da sua exposição pública. Não é que sejam de facto 'transparentes', são é cada vez mais movidas pelo exterior. É mais apropriado comparar a sua desgraça a um espelho (que reflecte o público) do que a um vidro que deixa passar a luz.

0 comentários: