sábado, 2 de fevereiro de 2013

LOST IN TRANSLATION




Teatro Nô


"D - Um Europeu só dificilmente podia compreender o que está a dizer.
J - Decerto, e antes de tudo porque o que está em primeiro plano no mundo japonês é inteiramente europeu ou, se quiser: americano. O pano de fundo do mundo japonês, ou melhor: do que esse mundo é em si mesmo, poderá ter a experiência, pelo contrário, no teatro Nô."

"D'un entretien de la parole" (Martin Heidegger)


Então, os japoneses, a sua cultura é como se tivessem dois modos de ser, conforme se encontram numa situação de diálogo com o Ocidente, no mundo da chamada globalização, ou se acham entre si, sem testemunhas.

Poderíamos, assim, "compreender" o Japão, sem lhe conhecer a alma, o Santo dos Santos. Que extraordinária superioridade a desta espécie de etiqueta!

Nós, europeus e americanos, estamos tão certos de que representamos a Humanidade que julgamos não precisar dessa prudência nem dessa reserva. O que já era a posição do colonizador e a do missionário.

"Apropriar-se do estrangeiro, não é tornar-se o seu proprietário. É tornar-se a si mesmo próprio para poder acolhê-lo, portanto, tornar-se outro ao contacto do outro." (François Fédier, em nota da tradução àquele texto de Heidegger).

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