quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A CRISE DAS CRISES

Hitler com Ernst Hanfstaengl (à direita)

"Na política, é preciso ter o apoio das mulheres; os homens seguem-vos de 'motu proprio'."

(Adolf Hitler)


É preciso aderir a uma espécie de fisiologia social para compreender esta ideia. A política é coisa da palavra e da acção cívica e constitui um mundo separado da natureza ( e da economia, como o acabam, mais uma vez, de demonstrar as eleições italianas ). Essa separação pode chegar a extremos de que o século XX foi fértil.

Como o diria a filosofia antiga, pela sua função maternal (e não há função sem órgão e sem a 'potência' e a 'disposição' para isso ), a mulher está muito mais próxima da terra, e resiste muito melhor do que o homem a confundir a abstracção com o real, cilada em que cai muito frequentemente a política.

Mas no caso da Alemanha nazi, essa 'inteligência' feminina não funcionou. As mulheres foram cativadas, talvez ainda dum modo mais expressivo do que os homens.

Hitler não era, de facto, um político como os outros. Ele levou a violência verbal para o terreno dos instintos mais primitivos. Só foi possível, porém, manipular assim os impulsos sexuais e a agressividade porque o povo alemão, mulheres incluídas, tinha perdido o maior dos bens: a sua cultura, a civilização que fez a glória da Alemanha dos seus antepassados.

Não foi o caudilho nazi que o degradou e ludibriou. Ele já o encontrou por terra e com olhos para ver e ouvidos para ouvir o que queria que vissem e ouvissem.

A espécie de loucura do líder e a sua forma peculiar de destruir a política (desviando a palavra para o gozo ejaculatório) estão bem patentes no testemunho de Ernst Hanfstaengl, chefe do serviço para a imprensa do partido.

"Para ele (Hitler), falar era uma maneira de satisfazer um desejo violento e esgotante. Ao mesmo tempo, o fenómeno da sua eliquência tornou-se-me mais compreensível. Os últimos oito ou dez minutos dum discurso assemelhavam-se a um orgasmo de palavras."

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