domingo, 19 de fevereiro de 2017

ARGONÁUTICA

Argonauts on board their ship Argo, 420 - 390 BC.

"O que eu pretendi tornar claro foi a duplicidade espiritual e existencial presentes em tantos dos nossos actuais modelos de significado e de valor estético. Conscientemente ou não, com pejo ou com indiferença, esses modelos utilizam e metaforizam de maneira crítica o idioma abandonado, gratuito, as concepções e as garantias de uma teologia ou, pelo menos, de uma metafísica transcendente. As ardilosas banalizações e o niilismo jocoso do desconstrucionismo têm o mérito da sua honestidade. Ensinam-nos que 'nada surgirá do nada'."

"Paixão intacta" (George Steiner)

Contra a ideia de que o novo pode nascer de si próprio e não ser uma espécie de navio Argus, refeito peça a peça, a ponto de original ter apenas o nome, esta de que fazemos "pau de toda a colher" e de que a linguagem conserva a nossa cultura passada, não tal como ela foi, mas depois de sujeita a um trabalho "poético" que a torna irreconhecível, mas apta para o sentido.

Como diz Wittgenstein, "Cada nova aplicação (da palavra) que dela fazemos é um salto no escuro; qualquer critério actual poderia ser interpretado como estando em concordância com aquilo que decidíssemos fazer. Por isso, não existe acordo nem conflito."

É assim que todas as idades estão presentes na metamorfose do indivíduo actual.

0 comentários: