Serra da Arrábida (José Ames)
Bénard da Costa, comentando no "Público" o triste destino dum dos mais belos lugares da Europa, pasto dos incêndios e das hordas domingueiras, brandindo o direito à sua parte do paraíso, diz que a Arrábida não foi feita para o turismo de massas, porque é "uma varanda de frades".
Muitas vezes me perguntei como é que se poderia compatibilizar a democracia e a igualdade com o usufruto do que é raro e frágil e tem de ser salvo das multidões para continuar a existir.
A Serra da Arrábida é um bom exemplo. As praias não lhe dão sossego. E não se pode transformar a Serra como a Cova da Iria e construir um adro gigantesco para conter a multidão de adoradores do sol.
De mais democrático, só vejo o sorteio ou a proibição a todos do acesso.
Uma portagem, por outro lado, sem ser uma medida cega, nem radical, permitiria, talvez, preservar um bem que é de todos. Porque é um bem de todos, mesmo se não for gratuito.
Como se percebe, não é a igualdade que está aqui em causa, mas o direito ao que é nosso, sem dar para todos.
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