sexta-feira, 11 de agosto de 2006

A VIDA POR UM FÓSFORO


http://www.mccullagh.org/image/10d-3/the-burn-3.html

Assim, a floresta está sempre por um fósforo, o clique dum isqueiro, uma perisca displicente.

A mata do Gerês, incinerada, a de S. Pedro do Sul, incinerada, a de Barcelos, incinerada.

A estrada de S. Pedro da Cova para Valongo é um pulmão carbonizado que nos deprime ao longo de vários quilómetros. Ah! quantos caminhos ali calcorreei pela sombra dessas árvores agora mortas!

Mas onde há mais vida, é assim também.

Centenas de homens, mulheres e crianças, reunidos num aeroporto, num avião, num café, num centro comercial estão presos ao apelo inaudível do deserto.

A alucinação dum homem ou dum grupo pode ditar a sua sentença de morte.

Heróis, próteses iluminadas do divino, figurações duma tragédia que debalde tentamos esconder no admirável mundo do faz de conta.

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