terça-feira, 15 de março de 2005

CONTRASTES




Finalmente alguém percebeu que a exposição mediática pode fazer ao poder, ou melhor, à imagem deste, o que a publicidade fez à tradição cultural e aos seus valores.

De facto, dum governo cujo 1º ministro tinha a paixão do directo promocional, até ao ponto da transparência, que aqui se deve ler com a conotação de vácuo e de previsibilidade, em vez duma qualquer “glasnost”, passámos para um regime de contenção mediática, e até de relativa opacidade.

Não é caso para dizer que “nem oito nem oitenta”, porque estamos longe de saber que espécie de reserva convém ao poder para que seja eficaz, em que medida se tem que defender da devassa, ou quando é que a contenção não passa a ser a “alma do negócio” e colide com o espírito democrático.

Por contraste, é para já um grande alívio e um considerável acrescento de dignidade para a política que, menos que tudo, não pode cair ao nível dum “reality show”.

Por alguma razão era preciso “caçar” o homem que não queria ser rei, como nos relata alguma antropologia.

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