segunda-feira, 22 de junho de 2015

A RAIZ DO PENSAMENTO

http://philitt.fr/wp-content/uploads/2013/01/5660939-tree-silhouette-avec-des-racines.jpg

 

"Este capítulo é puramente prático e diz respeito ao que actualmente é a principal marca e o elemento de insanidade; podemos dizer, como sumário, de que é a razão usada sem raiz, a razão no vazio.

O homem que começa a pensar sem os primeiros princípios adequados enlouquece, o homem que começa a pensar pela ponta errada."

"Orthodoxy" (G.K.Chesterton)

A ideia é fácil de entender. A razão não é apenas uma faculdade. Fala-se numa 'idade da razão', associando esta ao ser biológico e social que pensamos ser. A palavra processo não daria conta desta realidade (como não dá, no caso do chamado 'processo histórico'). Somos, talvez, 'processados', mas essa é outra questão.

Não pensamos só com a razão, e as mais das vezes ela não se encontra no 'estado livre', vem misturada com as emoções, os sentimentos, um ou outro 'catecismo', os preconceitos, etc. Se não fosse toda esta 'ganga', que não tem nada de abstracto, nem de alheio a nós mesmos, a razão 'pensaria' no vazio, como diz Chesterton. E quando ele fala em raízes, refere-se ao sedimento mais profundo deste meio quase caótico em que pensa a nossa razão.

Por exemplo, nada pode fazer que não tenhamos sido crianças antes de sermos homens (Alain). E a criança que fomos faz parte da raiz do que pensamos. A ideia de Freud, no fundo, não pode deixar de estar certa, mesmo se não concordarmos com o seu teatro grego.

Mas, mais do que isso, é que a razão 'purificada', liberta dos 'cavalos de Platão', não tem nenhuma razão para decidir num sentido ou noutro, quando todas as opções são abstractas e deixaram de ter qualquer contacto com a vida.

Era o que o cientista de "Ex-M dizia a propósito do quadro de Pollock. Como iniciar um movimento racional no meio do caos, recorrendo só à razão?

O triunfo da razão na nossa ciência é paradoxal. Porque, cada vez mais, colocamos a 'plataforma de Arquimedes' mais longe da Terra, sem ganharmos um novo ponto de vista. E sabemos bem demais o quanto a razão científica e aquele triunfo dependem da forma como governamos o mundo.

 

0 comentários: