terça-feira, 11 de julho de 2017

A NARRATIVIDADE DO MAL



"Blow up" (1966-Michelangelo Antonioni)


"Penso que não existe nenhuma obra de valor que se desenrole à volta da alegria ou do bem. O bem não tem história, se se pode dizer."

Michelangelo Antonioni

É certo. Compare-se o "Paraíso" ao "Inferno" de Dante. No primeiro, são círculos extáticos de bem-aventurados, penetrados pela luz do astro de que andam à volta.

É impensável destacar um detalhe nessa perfeição. O pormenor é já um desvio da única perspectiva possível. E é ao nível do incidente, do singular, do avulso e do desemparelhado que há história para contar. Aqui conta mais a borbulha do que a pele sem defeito, bela como um teorema.

E é por isso que a publicidade, ao inculcar-nos um modelo de estética e de erotismo nos "livra do mal" da beleza e da sexualidade.

Esse modelo tem tanto a ver com o desejo como um anúncio com uma carta de amor.

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