segunda-feira, 6 de novembro de 2017

METAMORFOSE

[Índios Terena, Cachoeirinha, RS, 1955].

"Assim, as diferentes teorias da intertextualidade mostraram que o novo é sempre constituído de antigo, de citações, de referências à tradição, de modificações e de interpretações do que já existe. Mas tirou-se muitas vezes a conclusão que na cultura em geral não há nada de novo e que não existe criador. Uma vez que a cultura se ocupa exclusivamente de variações do que já existe, não é necessário para a explicar nada que lhe seja exterior, nem a fortiori do homem como seu criador."

"Du Nouveau" (Boris Groys)

O que é dizer que o radicalmente novo é uma espécie de utopia.

Mesmo duas culturas que se encontrassem, sem quaisquer contactos anteriores, como terá sido o caso da descoberta do Novo Mundo, só poderiam avaliar-se mutuamente a partir do que já conheciam. As naves e as armaduras do homem branco ou a gráfica nudez dos índios foram objecto de diferentes níveis de racionalização tendo como base os mitos já existentes.

Mas prescindir do homem como criador é admitir que as coisas encontram por si mesmas um sentido. E isso é absurdo. Quando valorizamos determinada obra, porque através dela se adaptam as fronteiras da nossa percepção dum mundo em metamorfose, é como se a arrancássemos da imanência e do espaço profano ( para dizer como Groys).

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