sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A SONDAGEM PERMANENTE

Hannah Arendt

 

"(...) o que há de deplorável nas teorias modernas do comportamento não é que sejam falsas, é que se podem tornar verdadeiras, é que são, de facto, a melhor conceptualização possível de certas tendências evidentes da sociedade moderna."

(Hannah Arendt)

Não é toda a comunicação social uma 'teoria do comportamento'? Antes dela, ingenuamente, pensava-se que era preciso que as pessoas 'interiorizassem', através da prédica ou da influência pessoal, as normas e o conformismo. A evangelização era o modelo da 'conversão' política, antes da rádio e da televisão que se tornaram elas próprios na 'mensagem'.

Sabemos por que o processo psicanalítico não pode acabar nunca. Ele fecunda o doente com os ovos de uma neurose que tem origem na própria análise e que, por isso, pode prometer a cura da doença que levou o paciente ao analista desde que esta possa representar-se num novo palco, no desenvolvimento de um segundo grau da neurose.

Parece ser uma necessidade a de 'conceptualizarmos as nossas tendências'...E se é assim a questão é a de saber se poderíamos viver sem teorias do comportamento, isto é, sem a normalidade induzida pelos 'media'.

A propaganda é de outros tempos. É como um murro nos olhos. Quão mais subtis são os programas 'escolhidos' inconscientemente por nós através da sondagem permanente!

 

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