segunda-feira, 16 de outubro de 2006

CÚMULOS E ESCARPAS


Etty Hillesum


Numa conversa que hoje li no "Nouvel Observateur", entre a Duras e Miterrand, este evoca uma jovem holandesa a quem o pensamento da morte e dos perigos que a ameaçavam ( e aos seus amigos e familiares ), nunca impediu a alegria de viver, momento a momento.

Etty Hillesum morreu em Auschwitz, em 30 de Novembro de 1943.

"Muitas pessoas me julgariam louca e totalmente estranha à realidade se soubessem aquilo que eu penso e o que sinto. No entanto, vivo com toda a realidade que cada dia me traz. O Ocidental não aceita o sofrimento como inerente à vida. É por isso que ele nunca é capaz de retirar do sofrimento forças positivas.

(...) É preciso saber saber viver sem livros, sem nada. Decerto que um pedacinho de céu permanecerá sempre visível e que eu terei sempre em mim um espaço interior suficientemente vasto para unir as mãos em oração." ("Journal-1941/1943")

A tentação de comparar este tão comovente testemunho com o de Simone Weil (abstraído deste a incomparável dimensão filosófica) é, para mim, quase inevitável.

E enquanto Simone me parece humanamente agreste e até intolerante (em primeiro lugar contra si própria), a pequena judia de Amsterdam tudo parece compreender e acolher no seu imenso coração.

1 comentários:

c disse...

José, na revista intervalo #2 há um belíssimo texto de Maria Filomena Molder sobre Etty Hillesum (O coração pensante e a faculdade de julgar).

http://intervalo.wordpress.com/intervalo-2/