Oiço dizer à empregada do café da praia que se lhe saísse o euromilhões mandava o pessoal todo passear.
Ou seja, o dinheiro nestes casos é um dissolvente poderoso, rompendo os efeitos socializantes da família, do trabalho, etc.
Por que terá de ser assim?
O dinheiro é um 'ersatz' da liberdade. Tudo aquilo que se fez até sermos contemplados pela sorte foi efeito da necessidade. Tudo quanto aprendemos foi um corpo a corpo com a vida, espiando de perto todas as saídas nas situações difíceis. Acabamos, pois, por ser o resultado dessa interacção constante com o mundo que nos não permite muitas fantasias. Ora, as relações sociais constroem-se assim, sem que a vontade livre tenha nisso um papel relevante.
O dinheiro é o reverso aparente de todas essas coacções, fazendo-nos crer que podemos, com ele, criar as relações e viver uma vida de homem.
Essa ilusão é natural, e nunca se viu um milionário de nascimento que não tenha aderido a um mundo de necessidades artificiais (as visitas sociais, as obras de caridade, a política, etc) , nem um milionário da sorte que tenha feito o “que sempre sonhou fazer” sem se tornar num infeliz abandonado por todos.
É por isso que o euromilhões só serve aos que não têm sonhos.
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