"Num sentido elevado e formal, a civilização não garante a civilidade, não inibe a violência social e o desperdício. (...) Na realidade, as relações entre a valorização apreciativa da música de qualidade, das belas-artes e da grande literatura, por um lado, e da acção política, pelo outro, são tão oblíquas que levam à suspeita de que a alta cultura, longe de pôr fim à barbárie, pode conferir-lhe um estímulo e um verniz muito particulares."
"Paixão intacta" (George Steiner)
Não seria, de facto, um gosto mais genuíno pela grande arte por parte dos coleccionadores nazis que os desviaria dos seus crimes.
O conceito de génio e de grande homem aplicado às artes permite ignorar as raízes da verdadeira cultura e justificar a megalomania do poder.
No caso de Adolfo Hitler, o pintor frustrado e o marginal dos asilos de Viena, esses símbolos da mais alta civilização são verdadeiros troféus de guerra.
Mas se a civilização não nos salva, e o pior pode sempre acontecer onde quer que seja, onde pôr as nossas esperanças?
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