quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O ENCLAVE MONISTA



"A religião devora os discursos disponíveis, por vezes numa escala maciça. Uma catedral medieval podia levar séculos de trabalho humano a ser construída e, no entanto, nunca era usada como residência ou com algum fim que reconhecidamente fosse útil. Seria uma espécie de cauda de pavão arquitectónica? Se assim era, a quem se dirigia a publicidade?

"A Desilusão de Deus" (Richard Dawkins)


Dawkins sustenta que há um "benefício darwiniano" deste aparente desperdício da religião, não em reforço da sobrevivência dos genes do indivíduo, mas, talvez, das próprias ideias religiosas (se as considerarmos como um vírus, por exemplo) ou das "obsessões profundas e destrutivas" do grupo que são a contrapartida do seu entendimento mágico com a natureza.

Esta "materialização" do fenómeno religioso parece-se muito com o trabalho da psicanálise sobre a psicologia.

A teoria permite-nos explicar que se a religião é universal é porque era necessária à sobrevivência do homem primitivo e que essa necessidade se mantém porque conservamos muito do primitivo (o cérebro reptiliano?), ou porque a religião, independentemente de ser ou não uma necessidade real, se soube adaptar ao mundo de hoje. A prova do sucesso da adaptação é a própria existência e a prova de que é necessária é o facto de ser universal.

Isto é tão irrespondível como a tese de que é a sexualidade que escreve o guião dos nossos sonhos.

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