Arnold Schönberg (1874/1951)
"Nenhuma obra, melhor do que as mais breves peças de Schönberg e de Webern, poderia fazer prova de densidade e de consistência na sua estrutura formal. A sua brevidade deriva justamente da exigência de extrema consistência. Esta interdita o supérfluo; e volta-se também contra a extensão no tempo, que está na base da ideia de obra musical desde o século XVIII, certamente desde Beethoven."
"Philosophie de la nouvelle musique" (Theodor Adorno)
O abandono do "esquema extensivo e a crítica do conteúdo, quer dizer, da frase e da ideologia" pelo atonalismo de Shönberg e Webern significa igualmente uma ruptura na forma de ouvir música.
O desenvolvimento duma sinfonia, por exemplo, permite, quase só por si, preencher um serão público. A brevidade, que Adorno compara a uma experiência negativa como o sofrimento, com sacrifício de todo ornamento e do "simétrico-extensivo" implica já outra espécie de escuta, ao encontro do individual e da privacidade.
Mas a ideia negativa que compara o "essencial" da música à experiência física constrangente supõe uma ética da consciência, da lucidez sobre o "real", que separa a música completamente do sentido estético.
Este espírito militante está presente na fórmula do autor de "Pierrot Lunaire": "a música tem o dever não de ornamentar, mas de ser verdadeira." E Adorno conclui que, assim, "a música tende para o conhecimento".
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