quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

O BOM SENSO TÉCNICO


Kurt Gödel (1906/1978)

"Se concordarmos em utilizar o termo "verdade" apenas no sentido objectivo, então há algumas declarações que podemos provar serem verdadeiras; contudo, não podemos ter um critério geral de verdade. Se tivéssemos um tal critério, seríamos omniscientes, pelo menos potencialmente, o que não somos. De acordo com o trabalho de Gödel e Tarski, nem sequer podemos ter um critério geral de verdade para as declarações aritméticas, embora, é claro, possamos descrever infinitos conjuntos de declarações aritméticas que são verdadeiros."

"Unended Quest" (Karl Popper)


A inexistência de um critério geral significa que tudo é possível?

É, no fundo, em nome duma espécie de bom senso (actualizado pela técnica), que alguns negam a existência de Deus, mesmo se não se podem justificar com um critério científico.

E, na verdade, pese embora a aparente ressurgência do religioso ( que é, no entanto, um fenómeno marginal em relação à tendência preponderante), Deus parece tornar-se, cada vez mais, um escândalo para a inteligência formada pela Técnica.

O último romance de Gonçalo Tavares, numa cena que justifica o seu sugestivo título, acaba com um reconciliado Lenz Buchmann a "apagar-se" numa epifania de luz emitida pelo aparelho de televisão.

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