terça-feira, 1 de janeiro de 2008

NO PRINCÍPIO, O DOGMA


Salmos de David

"A minha conjectura foi a de que foi a canonização das melodias de Igreja, as restrições dogmáticas sobre elas, que produziram o cantus firmus contra o qual o contraponto se podia desenvolver. Foi o cantus firmus estabelecido que providenciou a armação, a ordem, a regularidade que tornou possível a liberdade inventiva sem caos."

"Unended Quest" (Karl Popper)


Para Popper, a música polifónica, que se terá desenvolvido entre os séculos IX e XV, foi a mais milagrosa realização do Ocidente, "não excluída a ciência".

A sua tese, que aplicou mais tarde à lógica da descoberta científica, é a de que só inventamos a partir duma posição firme, dogmática, e a invenção é o resultado da atitude crítica que, pela eliminação dos erros, no caso da ciência, nos aproxima mais da verdade.

Alain exprimiu uma ideia semelhante, quando disse que as nossas ideias ( e as nossas acções) são sempre a continuação de algo que já existe, como um preconceito ou um mito, a que damos uma nova forma, mais de acordo com a realidade.

Por isso, a melhor maneira de compreender a ciência não é começar pelo fim, pelos últimos avanços, mas pelo princípio, pela própria metafísica.

Os erros prometem muito mais do que as verdades feitas.

0 comentários: