"Na ausência de Wronski, ela teme odiá-lo; é só isso que ela teme. Por uma consequência desse amor que ficou ao nível da natureza, a caridade falta, que é a fé no outro. O outro é considerado por sua vez como uma força natural; é por isso que a felicidade se reduz ao facto da presença. Assim, a suspeita é absoluta; ela nasce da ausência, limita-se a isso e é nisso que tropeça."
"Propos de Littérature" (Alain)
Alain diz que o sentimento romântico consiste em nos considerarmos a nós mesmos como uma força da natureza.
É como uma onda que nos transporta e nos leva a esquecer que temos de fazer o nosso caminho. Mas a felicidade do movimento é tal que promete o que não pode prometer. Tudo isto é a própria juventude.
Ana Karenina não se deu o tempo de envelhecer, porque a ideia romântica a tinha tornado fatalista. A própria felicidade dos dias de Veneza com Wronski, a exaltação desse amor contra a sociedade, pareciam-lhe provas contra a possibilidade de viver. Daí o gesto louco do final.
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