domingo, 27 de janeiro de 2008

O GANCHO E O GUINDASTE


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Contra a ideia de que tudo, a final de contas, se explica pela hipótese de Deus que, como um gancho, surgido não se sabe de onde, sustenta toda a Criação, no mistério do seu aparecimento, a ideia da evolução, o guindaste, representar-nos-ia, não um quadro incompreensível, mas um filme, em que o tempo e a selecção natural fossem as principais personagens.

De acordo com um pensamento tão antigo como Heráclito de Éfeso, a vida é um processo, e a conjectura de Darwin diz-nos que esse processo não é um simples desenvolvimento, como o do embrião para o ser completo, mas o resultado duma interacção com o meio ambiente e de algumas "decisões" da Natureza.

Assim, é verdade que vemos um pouco melhor como as coisas se passaram e não precisamos para este filme de nenhum metteur-en-scène.

Por outro lado, porém, continua tudo por explicar. Do mesmo modo que se pudéssemos reproduzir a totalidade dos nossos artefactos e deduzir todas as ideias umas das outras, não teríamos ainda nenhuma explicação do homem.

A teoria de Darwin, ao salvar-nos da crendice, abriu, de facto, novas e entusiasmantes dimensões à acção humana.

Mas, apesar do optimismo de Dawkins ("The God Delusion"), esta é uma questão de poder, não de saber.

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