"Alice no País das Maravilhas"
"Começou a parecer que a matéria, como o gato de Cheshire, está gradualmente a tornar-se diáfana, até nada ficar dela senão o sorriso."
Bertrand Russell
O esqueleto de Berkeley deve contorcer-se de riso no seu túmulo.
Um racionalista como Russell, nas palavras de Popper, talvez o maior filósofo do século XX, reconhece naquela citação que o subjectivismo está bem mais vivo do que o nosso bispo.
Porque, em princípio, todos sabemos o que é um gato, mas um sorriso de gato sem o dito?
Foi preciso um matemático como Dodson (Lewis Carroll) para conceber a realidade daquele sorriso.
Houve um momento, segundo Popper, com a teoria quântica e o probabilismo, em que a ciência perdeu de vista o realismo. A coisa funciona, mas nós não sabemos como. Até onde podemos ir nesse caminho?
Platão deve ter sentido uma perplexidade semelhante quando reflectiu sobre os números irracionais. Por causa deles, a geometria teve de emancipar-se da aritmética, porque não há maneira de considerar a diagonal do quadrado como um número "comensurável".
Com o "conhecimento estatístico", estaremos à beira duma outra arte ou ciência que pouco deverá já à Física?
Mas é claro que a explicação dos fenómenos, até agora objecto duma qualquer teoria física, não é explicação nenhuma se esses fenómenos forem integrados num outro contexto, ou analisados a uma outra escala. São soluções para a "distância média" de que falava Musil.
Por isso, a superação da Física ou a realidade da nossa ignorância estão já pressupostos nos êxitos alcançados.
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