Richard Dawkins
"Richard Dawkins, em "The God Delusion", apresenta um argumento inusitado e aparentemente científico contra a existência de Deus.
O facto de não se poder provar essa existência permitiu uma espécie de armistício entre os teólogos e os que se reclamam da ciência. O terreno dessa convivência é a posição agnóstica de Kant.
Dwakins refere-se, a esse propósito, à teoria de Stephen Gould, NOMA, acrónimo de "magistérios não sobrepostos" (non-overlapped magisteria). Isto é, "o magistério da ciência abrange o domínio empírico (...), o magistério da religião estende-se a questões que têm a ver com o sentido último e o valor moral supremo".
O contra-ataque de RD, que fala em pobreza do agnosticismo (não seria carne, nem peixe), baseia-se nessa muleta da teoria quântica que é o probabilismo.
De facto, não sabemos o que se passa no seio da matéria, mas obtemos resultados práticos tal como se soubéssemos.
O argumento de Dawkins é este: a probabilidade, num caso como o da existência ou não de Deus, não significa uma equivalência de possibilidades. O facto de não podermos provar a não-existência do "bule celeste" de Russell (um bule de porcelana que gravitaria entre a Terra e Marte, demasiado pequeno para ser visto pelos telescópios) não quer dizer que a probabilidade dele existir seja de 50% e que o ónus da prova de tão extravagante teoria caiba aos não-crentes.
Ora, o que é visado por toda esta artilharia é, não "o velho de barbas sentado numa nuvem", mas, de qualquer modo, uma entidade física (se dermos à Física o maior âmbito possível).
Deus e os deuses criadores ou destruidores, pessoais ou colectivos que estão, ou estiveram no centro das diversas religiões podem não ter qualquer probabilidade de "estarem" dentro ou fora do universo, mas é mais do que provável que tenham sempre estado no espírito dos homens, mesmo dos que negam a sua existência.
E o espírito dos homens é de facto insondável.
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