terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

RIGOR MORTIS


Theodor Adorno (1903/1969)


Falando de Stravinsky e de Schönberg e do dodecafonismo, Theodor Adorno diz: "Em ambos a música ameaça se congelar no espaço. Em ambos, o todo predetermina cada elemento musical, e não há mais verdadeira interacção entre o todo e a parte. O domínio que dispõe do todo dissipa a espontaneidade do detalhe."

"Philosophie de la nouvelle musique" (Theodor Adorno)


Aqui, o espaço está evidentemente associado ao controle consciente da visão, o mais intelectual dos sentidos.

O que se diz é que o tempo, com a técnica serial, é também espacializado, construído para recusar qualquer lugar à intuição e à imaginação, que são as fontes tradicionais do processo criativo.

Quanto mais rigor, menos música. Rigor mortal.

Como se o objectivo de criar uma linguagem inteiramente artificial separasse a música do corpo e a reduzisse à lógica.

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