Leon Tolstoi (1828/1910)
"Vejo nas Memórias de Tolstoi que aos vinte anos ele já conhecia as duas coisas que mais importam para a formação do espírito, quer dizer, um emprego do tempo e um caderno. As ideias virão em seguida, diz ele. A acção de escrever parece-me a mais favorável de todas para regular os nossos loucos pensamentos e dar-lhes consistência. A palavra convém muito menos; e sobretudo a conversação é directamente contrária ao exame reflectido. Seria preciso encarar a conversação mais ou menos como o católico encara a missa. É apenas uma troca de sinais conhecidos e um exercício de cortesia."
"Propos de Littérature" (Alain)
Estes conselhos não são para os tempos de hoje. Embora quem queira dedicar-se à literatura aproveite em os seguir, a "formação do espírito" não parece interessar a quase ninguém e, certamente, não é para tal fim que trabalha a escola moderna.
O resultado do abandono desse ideal de independência do juízo deveria ser a estagnação de toda uma cultura e o fim do desenvolvimento, à medida que o espírito se fosse obscurecendo.
Mas há um erro de perspectiva neste quadro, por não se partir do que éramos apenas há algumas décadas antes e do analfabetismo da grande maioria.
De facto, nunca no passado esteve ao nosso alcance a "formação do espírito", a não ser para uma reduzida minoria.
O que vemos hoje, por outro lado, é que as elites intelectuais se têm de formar cada vez mais apesar da escola.
0 comentários:
Enviar um comentário