Bashô com dois lavradores
"Em breve se morre
e da morte não existe qualquer rasto:
breve o som de um gafanhoto.
Morre-se subitamente:
nos campos verdes
as pragas dos gafanhotos."
"Vozes de Verão" (Bashô -1644/1694)
Podia ser uma outra versão do Eclesiastes: Tudo é vaidade! Mesmo as pragas acabam por não deixar rasto.
É como se nem tivéssemos chegado a existir.
Revendo um programa antigo ("Cosmos" de Carl Sagan), o entusiasmo do homem que diante duma janela para o espaço nos vai nomeando as constelações e as galáxias tem qualquer coisa de religioso. É como se recitasse as infinitas metamorfoses duma divindade.
Nós, afinal, seríamos o universo consciente dele mesmo.
Mas morremos subitamente como diz o haiku.
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