John Gielgud (Cassius) e James Mason (Brutus) em "Júlio César"(1953-J.L.Mankievicz)
"O que cada um diz não é suficiente: pode ser apenas boa memória - costumava afirmar o velho Thomas Busbeck -, se queres escolher um colaborador fecha os ouvidos e está atento aos olhos dele, à forma como eles se mexem: no fundo, ao modo como eles se atiram às coisas, como vêem um objecto e o rodeiam, como entram nele e depois saem ou ficam. O trajecto dos olhos no mundo dá o trajecto da inteligência."
"Jerusalém" (Gonçalo Tavares)
Os heróis de GT, no que ele chamou de "Livros Negros", são predadores como este Busbeck, criaturas do bestiário germânico de depois das guerras mundiais.
Esta superioridade do olhar é a o do milhafre que de longe domina a sua presa, antecipando-se aos movimentos do medo.
Mas o olhar rápido é também sinal de hipocrisia ou de dissociação mental. Neste caso, protege-se dos outros olhares e explora um terreno movediço.
Suponho que Cássio, o conspirador na peça de Shakespeare, fosse um homem assim, e César temia-o, não por pensar demasiado, mas pelo seu olhar se mover no círculo duma ideia fixa.
0 comentários:
Enviar um comentário