terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O ÊMBOLO DE TROTSKY


Leon Trotsky (1879/1940)


"É somente pelo estudo dos processos políticos nas massas que se pode compreender o papel dos partidos e dos líderes, o qual não estamos de modo nenhum inclinados a ignorar. Eles constituem um elemento não autónomo, mas muito importante do processo. Sem organização dirigente, a energia das massas volatilizar-se-ia como o vapor não encerrado num cilindro de pistão. No entanto, o movimento não vem nem do cilindro nem do pistão, mas do vapor."

"História da Revolução Russa" (Leon Trotsky)


Grande preconceito para começar, este de que o movimento não vem de...

Segundo Trotsky vemos de mais os líderes e os partidos e pouco as "massas", que seriam o vapor comprimido e canalizado.

Há uma boa razão para isso: é que as massas são um mero conceito político e que só os indivíduos (mas só duma certa maneira) são reais.

Não seria possível pensar em termos de meios e de fins, de conceber uma mecânica (o cilindro e o pistão) e uma dinâmica (a energia) que "compreendessem" o social como se se dispusesse dum conhecimento operatório, sem o que o termo de massas significa.

Por isso se pode dizer que a nossa fundamental ignorância sobre o funcionamento da sociedade, graças a essa terminologia, e desde os grandes sistemas, foi substituída por um pseudo domínio da questão.

E nada há de mais elucidativo do que a forma como se transmite essa versão simplificada do marxismo nas aulas de História.

Os nomes querem dizer alguma coisa se há só indivíduos, enquanto que os supostos mecanismos se esgotam na sua definição.

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