quarta-feira, 30 de novembro de 2016

UM HOMEM


THEORYKAL (CRÍTICA DA RAZÃO IMPURA): KARL MARX E 'A MISÉRIA DA ...


"Foi Marx que disse que a teoria da selecção natural era essencialmente uma descrição do capitalismo sem o conceito de conflito de classes, mas Blanqui seguramente teria apreciado a observação."
(Andrew Krumey)

Se considerarmos a teoria de Darwin como empírica, resultante da observação, o conceito de luta de classes é, de facto, do mesmo género, porque pode ser 'deduzido' da experiência.Tal como a frase 'fatalista' de que 'sempre haverá pobres e ricos'.

Mas o autor da 'Evolução das Espécies' não concebe a sua teoria como podendo funcionar como uma intervenção do homem numa 'lei natural'. Como se sabe, Marx comparava a função da sua teoria (igualmente empírica), ao trabalho de uma 'parteira da história'.

E, apesar do Grande Desfecho se tratar de uma profecia sem fundamento científico, ele estava certo num ponto: é que as nossas ideias, se não forem pura imaginação do indivíduo, têm sempre resultados práticos, directa ou indirectamente. Quanto mais não seja, afectam o ideador (a tal ponto é assim que a sociedade julgou por bem, em certos casos, encarcerá-lo). Ora quando todo um grupo de pessoas, ou uma coorte (Norman Ryder), perseguem a mesma ideia, isso não pode deixar de ter consequências na pequena ou na grande história.

Nada disto precisa de ser 'verdadeiro'. Pode ser até falso, no todo ou em parte. Isto acontece com todas as crenças humanas que só têm de durar para serem 'históricas' e ganharam um estatuto para lá do que é verdadeiro ou falso, em termos científicos.

Marx, ou o movimento de ideias com o seu nome, a certa altura do século XX foi o 'horizonte inultrapassável da nossa época' (Sartre).

Foi apeado desse lugar cimeiro, não por 'um passo atrás' no processo histórico, nem por qualquer lei natural ou antropológica, mas porque não podia ser mais do que um homem.

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