segunda-feira, 21 de novembro de 2016

GÖDEL

(Einstein e Kurt Gödel)


"O matemático nascido na Áustria, Kurt Gödel, ensinou que, dada qualquer questão matemática que não tenha até agora encontrado resposta (excepto para questões que se resumem a um cálculo finito, como saber se White fez um movimento decisivo para ganhar um jogo de xadrês), é possível que a resposta não se possa provar a partir dos axiomas usuais da matemática. E, ainda assim, 85 anos depois de Gödel ter revelado esse pequeno monstro no centro da matemática, o facto é que ele tem estado a dormir, a maior parte do tempo. O Teorema da Incompletude de Gödel só levanta a cabeça em situações especializadas: para questões com que nos confrontamos apenas se estivermos à procura de verdades improváveis; ou questões da teoria transfinita dos conjuntos que nos levariam a argumentar que, de qualquer modo, nunca seria preciso ter respostas definidas; ou questões que indagam sobre se uma cadeia de 0s e 1s não tem padrão (mas a qual, por essa razão mesma, não têm geralmente interesse, a menos que por algum motivo nos preocupemos com essa cadeia sem padrão); ou questões que envolvam funções de crescimento super-rápido."

"The great mystery of mathematics is its lack of mystery" (Corey S. Powell, aeon.co)


Já Einstein se sentia perplexo perante a 'coincidência' do pensamento científico com o mundo.

Pode ser que a 'beleza do mundo' esteja apenas na nossa sensibilidade e que chegar à descoberta que o mundo tal como o descreve a nossa ciência é realmente verdadeiro e não um produto da imaginação seja uma experiência sobretudo estética que equivale a uma espécie de transcendência. Ao compreendermos a Natureza, através das suas leis, é como se nos alcandorássemos ao ponto de vista do Grande Arquitecto.

O que aconteceu depois de Gödel, é que a nossa compreensão do desenho do Universo assenta num instrumento imperfeito que não seria capaz de se justificar a si mesmo. Se formos tentados a explorar todos os seus mistérios depressa chegaremos à conclusão de que a Razão não foi feita para isso.

Então, parece que o que podemos compreender do mundo é apenas aquilo que de alguma forma nos ajuda a viver. E que o sonho de uma razão ilimitada no seu poder de dissipar os arcanos da nossa existência não está ao seu alcance.

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