"O mais admirável em Montaigne é que ele não tem pressa. Manipula docemente as emoções e os pensamentos mais impacientes. O interesse que dedica a si mesmo é inabalável. Nunca verdadeiramente se envergonha da sua personagem. Não é cristão. Tudo o que observa lhe parece importante, mas, no fundo, ele é por si mesmo a sua própria e inesgotável fonte de observação (...)."
Elias Canetti ("Le Territoire de l'homme")
Antes de Rousseau e do exame interior, da descoberta do indivíduo pelo romantismo, Montaigne é o moderno capital, para compreender a nossa própria época. Sem ele a psicologia e a aventura freudiana seriam incompreensíveis.
Já não é o mundo e a natureza que temos de explicar e comentar, mas o próprio pensamento. E Canetti tem razão, sem um forte cepticismo em relação à religião, nunca o homem poderia ter ocupado todo o universo.
Que interessa que o nosso próprio espirro nos ensurdeça?
"Quer o queira quer não, aquele que se estuda a si mesmo estuda todas as coisas. Aprende a ver-se, mas de repente, tanto quanto permaneceu honesto, ele descobre tudo o resto, e esse resto é tão rico como ele, e até, coroamento supremo, mais rico."
(ibidem)
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