sábado, 26 de novembro de 2016

DE SANTO E DE LOUCO

(Germaine Lubin e Hugo von Hoffmannsthal)


"Eu só posso respirar nas regiões inferiores. "Esta frase de Robert Walser poderia ser a divisa dos poetas. Mas os cortesãos não a pronunciam e aqueles que adquiriram a celebridade nem sequer ousam pensá-la. "Não poderia esquecer um pouco que é célebre?" declarou ele a Hoffmannsthal. Ninguém disse com mais vigor o que há de insuportável nesses que alcançaram o sucesso."

Elias Canetti ("Le Territoire de l'homme")

Esta modéstia compulsiva, tão indiferente aos seus títulos evangélicos ou outros, esta completa ausência dum sentimento da própria importância é o que aproxima tanto Walser duma espécie de santidade.

Contudo, sabemos que essa simplicidade (presente nas suas quase ingénuas imagens) era também alienação.

Como se o ditado de que "de santo e de louco, todos temos um pouco" se verificasse neste autor como um filtro tomado em doses mortais.

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