Monumento a Bento XIV
"Almocei no palácio, ao lado do abade Gama, numa mesa de uma dúzia de talheres ocupada por outros tantos abades; porque em Roma toda a gente é abade ou quer parecê-lo; e como não é proibido a ninguém trazer o hábito, quem quer ser respeitado anda com ele, à excepção da nobreza que não está na carreira das dignidades eclesiásticas."
"Memórias de Casanova"
Que meio tão favorável a que um libertino se insinuasse no seio das famílias mais devotas, sob a capa da religião!
Eça, se escrevesse sobre um Amaro italiano, no tempo de Bento XIV, não tinha aqui matéria para um crime. Quando muito para uma comédia de enganos. Mas quando todos usam máscara, na verdade, ninguém engana ninguém.
A política, tendo absorvido a religião nas suas formas mais públicas, nem sequer podemos falar em hipocrisia. O retrato destes tempos, feito por um homem que não pretende mais do que contar, com espírito, a sua própria vida, sem qualquer motivação doutrinária ou filosófica, tem todos os estigmas da dissolução pré-revolucionária e da falta de futuro.
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