sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

VISÓES DO ANTI-ÉDIPO

Gilles Deleuze



Michel Foucault, antes de morrer, confiou a um amigo que não podia aceitar a palavra desejo na acepção positiva que alguns filósofos, como Deleuze, lhe davam. Para Foucault, o desejo correspondia a uma 'falta' ou ao reprimido, mais se aparentando com o que se considera prazer. De qualquer modo, seria preciso uma nova palavra para o desejo que aparece na teoria das 'máquinas desejantes' do 'Anti-Édipo'.

A 'libertação' do capitalismo minando os dispositivos repressivos (entre os quais avulta a psicanálise e o 'complexo de Édipo) ao nível dos 'micro-sistemas', para dar lugar à 'produção' livre do desejo é mais uma utopia totalitária que faria esquecer todas as outras se alguma vez inspirasse a realidade.

Por outro lado, as teses desta 'crítica esquizofrénica' do capitalismo têm o seu lado profético e introduziram na filosofia um manancial de novos conceitos. Por detrás da teoria está a 'morte' do Sujeito e o jogo de necessidades não humanas, anunciados pela crescente consciência da complexidade.

A falência das ciências exactas no dar conta da espécie de controlo que podemos ter sobre o nosso destino, postula a introdução do precário e do incontrolável nas nossas teorias e uma espécie de 'caos auto-regulável' que tem muito a ver com o mundo da 'produção  do desejo' (e da 'Mão Invisível' de Adam Smith).


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