Gilles Deleuze |
Michel Foucault, antes de morrer, confiou a um amigo que
não podia aceitar a palavra desejo na acepção positiva que alguns filósofos,
como Deleuze, lhe davam. Para Foucault, o desejo correspondia a uma 'falta' ou
ao reprimido, mais se aparentando com o que se considera prazer. De qualquer modo,
seria preciso uma nova palavra para o desejo que aparece na teoria das
'máquinas desejantes' do 'Anti-Édipo'.
A 'libertação' do capitalismo minando os dispositivos
repressivos (entre os quais avulta a psicanálise e o 'complexo de Édipo) ao
nível dos 'micro-sistemas', para dar lugar à 'produção' livre do desejo é mais
uma utopia totalitária que faria esquecer todas as outras se alguma vez
inspirasse a realidade.
Por outro lado, as teses desta 'crítica esquizofrénica'
do capitalismo têm o seu lado profético e introduziram na filosofia um
manancial de novos conceitos. Por detrás da teoria está a 'morte' do Sujeito e
o jogo de necessidades não humanas, anunciados pela crescente consciência da
complexidade.
A falência das ciências exactas no dar conta da espécie de controlo que podemos ter sobre o nosso destino, postula a
introdução do precário e do incontrolável nas nossas teorias e uma espécie de
'caos auto-regulável' que tem muito a ver com o mundo da 'produção do desejo' (e da 'Mão Invisível' de Adam Smith).
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