"Odeio aqueles que dizem obscuramente coisas claras. Odeio aqueles que dizem claramente coisas obscuras. E são os mesmos."
(Émile Chartier)
Os que lançam uma nuvem de tinta para falar do que pode ser compreendido sem qualquer ambiguidade estão de facto embuscados e não querem que, por exemplo, a sua platitude seja descoberta. No tempo da linguagem minimalista (embora se possa tentar enganar alguém com um 'sms'), dir-se-ia uma espécie ameaçada.
Já apresentar como uma coisa simples o que é complexo (termo que os 'técnicos' usam cada vez mais frequentemente para explicar por que é que os seus modelos e as suas previsões falharam) é vício de muito boa gente. Pode dizer-se até que não há coisas simples (depende do nível de referência, do contexto, etc) e que só existe linguagem e comunicação porque simplificamos a realidade. Grande parte do que hoje sabemos teria sido inútil e como que se referindo a algo de não existente, apenas uns séculos atrás.
Uma razão de peso para sermos modestos e socráticos quanto ao que julgamos que é simples.
Penso, assim, que o ódio do filósofo é dirigido aos que sabem que falam de uma coisa que não sabem. Convenhamos que devem ser muito poucos. A maioria está no processo de aprender a ser mais comedido (pelo menos nas palavras) como o nosso ministro das finanças.
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