Oxford Playhouse |
Nunca tinha percebido o que é que a televisão, como espelho deformador do espectador médio, tem de sinistro. É que ela, por causa do tempo em que tem de estar presente, em emissão, é uma espécie de distopia das nossas vidas. Basta pensar no que seríamos se vivêssemos para esse espectáculo ininterrupto, em que as 'diversões' se seguem aos programas pretensamente sérios e às notícias de um mundo formatado, em que nos é servida a ilusão de participarmos no mundo real e de estarmos conscientes, ou pelo menos de não sermos considerados pelas nossas relações como cavernícolas que não sabem, nem querem saber. Tudo isto numa salada de publicidade e de 'soundbytes' provenientes da espuma da política.
A sanidade das pessoas resiste em função da iniciativa do espectador que sabe escolher determinados programas e furtar-se à exposição do 'espelho' mediático. Não foi Marshall McLuhan que disse que a educação serve sobretudo para corrigir os efeitos dos 'media'?
É por isso que algumas experiências de contacto com a televisão, por muito pontuais que sejam, podem transmitir a sensação gelada do 'espelho total', um pressentimento daquilo em nos tornaríamos se a televisão se substituísse, completamente, à realidade.
Bem sei que é costume dizer-se que a televisão, para muitos, 'é uma companhia'. Mas não são esses os que perderam o mundo ou que estão 'perdidos para o mundo' como na canção de Mahler?
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