"Desejaria que o candidato respondesse ao que dizia
Beethoven, no seu último quarteto: 'Muss es sein? Es muss sein.' É isso
possível? Sim, é preciso mostrar que é possível."
(Edgar Morin, Le Monde, 4/5/12)
O que é preciso mostrar, numa situação de desespero, não
é que a superação é possível, mas que, genuinamente, se acredita nela.
Não é tantas vezes a 'realização' o pior antídoto duma
ideia? A existência da URSS como 'paraíso na terra', ou a do país de Catarina a
Grande como exemplo de progresso, dependeu sempre duma ilusão sabiamente
mantida ou da pura prestidigitação como aconteceu com as 'aldeias Potemkine'
para a czarina ver.
De resto, não há factos (que podem ser analisados por uma
miríade de ângulos) que possam competir com a expressividade humana e com a
passagem da natureza ao mito sempre que o herói se apresenta.
Os americanos são hoje os maiores consumidores de mitos.
O cinema de Hollywood demonstra-o facilmente. Mas isso não é a crença
verdadeira. Ê consumo que ilude uma necessidade real.
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