quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

CRER E MOSTRAR




"Desejaria que o candidato respondesse ao que dizia Beethoven, no seu último quarteto: 'Muss es sein? Es muss sein.' É isso possível? Sim, é preciso mostrar que é possível."


(Edgar Morin, Le Monde, 4/5/12)




O que é preciso mostrar, numa situação de desespero, não é que a superação é possível, mas que, genuinamente, se acredita nela.

Não é tantas vezes a 'realização' o pior antídoto duma ideia? A existência da URSS como 'paraíso na terra', ou a do país de Catarina a Grande como exemplo de progresso, dependeu sempre duma ilusão sabiamente mantida ou da pura prestidigitação como aconteceu com as 'aldeias Potemkine' para a czarina ver.

De resto, não há factos (que podem ser analisados por uma miríade de ângulos) que possam competir com a expressividade humana e com a passagem da natureza ao mito sempre que o herói se apresenta.

Os americanos são hoje os maiores consumidores de mitos. O cinema de Hollywood demonstra-o facilmente. Mas isso não é a crença verdadeira. Ê consumo que ilude uma necessidade real.

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